“Aqui nesta carta começa minha história de vida quando cheguei no Hospital Metropolitano, na época, Hospital e Maternidade Sarandi, há quase 30 anos. Contratada como Zeladora, o hospital estava começando a nascer, eu acho que ele tinha por volta de uns 2 ou 3 anos quando fui contratada pela Gerente do Hospital, a Edimara Lopes. Ali comecei minha jornada.. Era tudo muito difícil, porque o hospital era muito novinho ainda, nós éramos só em 3 zeladoras, as ruas de Sarandi não tinham asfalto, ao redor do hospital tinham muitas datas vazias e tinha muito mato ao redor. Trabalhei mais ou menos por três anos, e tive que sair, porque minha filha era ainda bebê e começou a ter crises convulsivas. Tive que deixar a empresa com muita dor no coração. Eu já gostava muito de trabalhar aqui no Metropolitano, sem dizer que para mim, era muito bom porque afinal, eu sempre morei aqui, então ficava mais perto para mim trabalhar e na hora do almoço eu podia ir para casa.
Durante esse tempo como zeladora, eu gostava muito da Enfermagem, então sempre comentava com as colegas de enfermagem que um dia em que Deus me desse oportunidade, eu ia ser uma Auxiliar de Enfermagem, aí começou a surgir oportunidade pelas minhas colegas de trabalho que eram: Marcia Barbosa, Juleide Marlene Verturoso – foram as pessoas que me ajudaram muito e me ensinaram a começar a aprender Enfermagem. Nas horas de folga do meu almoço, eu ia ajudar as meninas da Enfermagem.. Nossa, como era maravilhoso! Sempre aprendia coisa nova, aquilo para mim era o máximo, até que um dia Marlene Venluroso comentou com a Edimara sobre meu esforço.. eu sempre continuava naquela batalha, fazia meu trabalho como zeladora e sempre com muita excelência. Até que um dia, Edimara me chamou em sua sala e me disse: ‘Você gosta muita da Enfermagem? Gostaria de aprender mesmo? tenho uma proposta para você. Dr. Murilo pediu para te convidar para começar a trabalhar com as meninas da Enfermagem. Ele disse pra você trazer uma roupa branca amanhã, aí você vai começar na Enfermagem’. E assim começou! Dr. Murilo, Dr. Paulo Sergio, Dr. Donizete, Dr. Florencio, Dr. Antonio Nogueira, eram os médicos do hospital, ali comecei no outro dia, me sentindo a pessoa mais realizada! Comecei a aprender com os médicos, ir pra sala dos curativos, ajudar minhas colegas no atendimento dos pacientes, não demorou muito tempo, eles me deram os parabéns, dizia que eu estava aprendendo muito bem! Aprendi muito e como eu disse, veio um contratempo e tive que parar de trabalhar.
Algum tempo depois, quando as coisas ficaram mais tranquilas, eu voltei em 1994, onde estou até hoje. Resumindo, encontrei muitas pessoas boas que sempre aprendi muito com elas! Foram tantos anos bons que guardo lembranças e saudades. Naquele tempo, quando chegava época de natal, nós mesmas criávamos nossa árvore de natal, eu e Marinete, depois veio a Lorismar.. nós pegávamos galho seco das árvores, encapava os galhos com algodão, as nossas bolas de natal era os vidrinhos de medicação vazio que a gente juntava no meio do ano, deixava os frascos de molho para sair os rótulos, depois Lorismar pintava com spray, nós fazíamos vaquinha para comprar os sprays, porque tinha que ter várias cores.. Dra. Luiza Satie nos ajudou muito nas lembrancinhas, Marinete tinha um pé de manga coquinho enorme em sua casa, ela trazia manga para nós, e pedíamos para guardar os caroços; dos caroços de manga, nós criávamos os Papais Noel com barbinhas. Pena que naquele tempo não tinha celular para a gente poder tirar essas fotos! Me lembro também quando o hospital ganhou uma ambulância, era uma Fiorino, ganhou do Programa da Xuxa! Aquele tempo, a gente fazia todo o serviço da Enfermagem, também atendia Recepção, fazia também as mamadeiras para os bebês que estavam internados, e assim por diante..
Foi se passando o tempo, e o hospital cresceu bastante. Hoje o hospital não é mais uma criança, já é jovem adulto, e eu falo pra vocês: amo tanto o que faço, por isso eu estou até hoje. Tudo o que faço é com excelência e com muito amor! Às vezes, sou de pouca conversa, mas amo esse lugar como se fosse minha casa. É logico que cresceu bastante, mudou muitas coisas, pessoas queridas que carrego no meu coração que já não estão mais aqui: uns se aposentaram, outros mudaram de profissão, uns foram morar com Deus, e outros em outras instituições. Quero repetir essa história para meus netos.. como foi linda a minha história de vida no Hospital Metropolitano! Então esta é minha história, meu depoimento, passei por muitas coisas difíceis, mas tenho mais recordações boas. Aqui fica minha história de amor pela empresa que tanto me acolheu. Termino essa carta às 16:00 horas dia 22.02.23.”
Assinado
Alzira Fuentes Leite